O Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. No Brasil, os números reforçam a urgência do tema: as mulheres são diagnosticadas com ansiedade e depressão em uma frequência até duas vezes maior do que os homens, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas afinal, por que essa diferença é tão significativa?
A resposta, segundo especialistas, está na soma de fatores biológicos, hormonais e sociais, que juntos ampliam a vulnerabilidade feminina.
O impacto dos hormônios
A Dra. Jaqueline da Mata, médica pós-graduada em psiquiatria com foco na saúde mental da mulher, explica que a flutuação hormonal ao longo da vida feminina exerce papel determinante.
“As variações nos níveis de estrogênio e progesterona, que acontecem no ciclo menstrual, na gravidez, no pós-parto e na menopausa, afetam neurotransmissores como a serotonina, responsável pela regulação do humor. Isso cria um terreno biológico propício para o desenvolvimento de quadros ansiosos e depressivos”, aponta a especialista.
A sobrecarga invisível
Para além da biologia, a sobrecarga social imposta às mulheres é outro gatilho de sofrimento psíquico.
“A mulher contemporânea acumula múltiplas jornadas: o trabalho profissional, o cuidado da casa, da família e, muitas vezes, de parentes idosos. Existe uma pressão cultural enorme para que ela seja perfeita em todas essas funções. Esse acúmulo gera esgotamento mental e físico, abrindo espaço para transtornos como ansiedade generalizada e depressão”, destaca Dra. Jaqueline.
Quebrando o estigma
A especialista reforça que reconhecer essa realidade é essencial para mudar o cenário.
“É hora de desconstruir a ideia de que a mulher precisa ‘dar conta de tudo’. O primeiro passo é o autoconhecimento e a busca por ajuda especializada. Precisamos nos libertar da culpa e do estigma para cuidar da saúde mental de forma integral. Falar sobre o assunto, principalmente no Setembro Amarelo, é o caminho para que mais mulheres tenham acesso ao tratamento e ao suporte que necessitam”, conclui.
📌 Fonte: Dra. Jaqueline da Mata – médica com foco em saúde mental da mulher e pós-graduada em psiquiatria.