O medicamento Mounjaro, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, terá seu lançamento no Brasil antecipado para até 15 de maio de 2025. A empresa confirmou nesta sexta-feira (25/04) que as vendas serão iniciadas ainda em maio, com variações nas datas conforme o estado, mas com distribuição garantida até meados do mês. As primeiras doses disponíveis serão de 2,5 mg e 5 mg.
A antecipação ocorreu devido à chegada mais rápida do primeiro lote vindo da Europa, superando as expectativas da farmacêutica mesmo com os trâmites burocráticos de importação. Inicialmente, o lançamento do produto estava previsto para acontecer em junho. Segundo a Eli Lilly, a remessa atual será suficiente para atender à demanda nacional nos primeiros meses.
Indicações e aprovação da Anvisa
Atualmente, o Mounjaro possui aprovação da Anvisa para o tratamento do diabetes tipo 2 em adultos. Apesar disso, o medicamento já é utilizado de forma “off label” — ou seja, para fins não especificados na bula — no tratamento da obesidade e para emagrecimento. A Eli Lilly já submeteu à Anvisa um pedido para que a nova indicação, voltada ao combate à obesidade, seja oficialmente reconhecida.
Segundo a médica Karen de Marca, que assumirá a presidência da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), os medicamentos da nova geração, como os agonistas de GLP-1, têm transformado o tratamento do diabetes e da obesidade. A tirzepatida, substância presente no Mounjaro, tem ação combinada mais ampla e resultados promissores na perda de peso.
Eficácia e comparação com outros medicamentos
O Mounjaro se diferencia do Ozempic e do Wegovy (ambos da Novo Nordisk, baseados na semaglutida) por atuar como um agonista duplo dos receptores GIP e GLP-1. Essa combinação tem se mostrado mais eficiente no controle da glicose e na redução do peso corporal.
Um estudo publicado em julho de 2024 pela revista científica JAMA Internal Medicine demonstrou que a tirzepatida promove maior perda de peso entre pessoas com sobrepeso e obesidade, quando comparada diretamente à semaglutida. Este foi o primeiro estudo comparativo direto entre as duas substâncias, além dos ensaios clínicos individuais já existentes.
Preços no Brasil e programa de suporte
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) definiu um preço teto de R$ 3.700 por caixa, mas os valores finais serão menores, especialmente para quem participa do programa de suporte da Eli Lilly. Cada embalagem contém quatro canetas, com aplicação semanal — ou seja, suficiente para um mês de tratamento.
Confira os valores:
Para quem participa do programa da Eli Lilly:
- 2,5 mg: R$ 1.406 (compra online) / R$ 1.506 (farmácias físicas)
- 5 mg: R$ 1.759 (compra online) / R$ 1.859 (farmácias físicas)
Para quem não participa do programa:
- 2,5 mg: até R$ 1.907,29
- 5 mg: até R$ 2.384,34
Esses preços consideram uma alíquota de ICMS de 18%. O objetivo da farmacêutica é tornar o medicamento acessível para mais pessoas, especialmente aquelas que buscam um tratamento contínuo e supervisionado.
Nova exigência para prescrição médica
Atualmente, o Mounjaro pode ser adquirido mediante apresentação de uma receita médica comum. No entanto, a Anvisa anunciou uma mudança importante: a partir de 60 dias após a publicação da nova norma (datada de 23 de abril de 2025), medicamentos com agonistas de GLP-1 — como o Mounjaro — passarão a exigir receita controlada em duas vias, sendo uma retida pela farmácia.
A decisão busca coibir o uso indiscriminado do medicamento, especialmente por pessoas que utilizam o produto sem orientação médica. Para a endocrinologista Andressa Heimbecher, também da SBEM, a nova regra é positiva, pois evita a automedicação e reforça a importância do acompanhamento profissional.
Mesmo com a nova regulamentação, o uso off label continuará permitido, desde que prescrito com responsabilidade e com a devida orientação sobre riscos e benefícios.
Produção internacional e perspectivas para o Brasil
O Mounjaro já é comercializado nos Estados Unidos, onde a Eli Lilly anunciou um investimento de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 284 bilhões) para ampliação de fábricas no país, após pressões tarifárias impostas pelo governo de Donald Trump.
No momento, não há previsão de fabricação do Mounjaro no Brasil, e a produção seguirá sendo feita no exterior, com remessas direcionadas ao mercado nacional conforme a demanda.