É só andar pelos bairros mais planos da cidade de Belo Horizonte para notar claramente um movimento intenso de corredores nas ruas. Mas isso não acontece apenas em BH. Em 2024, o Brasil sediou quase 3 mil corridas de rua oficiais, um aumento de 29% em relação a 2023. Além disso, o país atingiu a marca de cerca de 19 milhões de corredores, sendo o segundo maior mercado global em número de atletas nessa modalidade. As projeções indicam que esse número só tende a crescer e que bom! Isso porque a corrida de rua é democrática, acessível, inspiradora e pode abranger várias classes sociais, idades e gêneros.
Clubes de corrida no Strava aplicativo e serviço on-line para atletas, focado em rastrear e compartilhar atividades físicas como corrida, ciclismo e natação, que combina recursos de GPS com funcionalidades de rede social cresceram 59% em 2024. O mercado está em plena expansão; e por isso não podemos deixar de falar da importância de compreender que não é só correr: é preciso se preparar antes.
Em junho de 2025, um jovem de 20 anos morreu no km 20 da Meia-Maratona de Porto Alegre após uma parada cardíaca súbita — e esse não é um caso isolado. Durante uma prova de 10km em Goiânia, Carolina desmaiou e morreu pouco tempo depois. Dados de 2024 mostram que a mortalidade em provas aumentou 29% no Brasil. Um estudo que analisou 29,3 milhões de corredores entre 2010 e 2023 identificou 176 paradas cardíacas, sendo 59 fatais. O número é pequeno, mas, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 80% dessas mortes poderiam ter sido evitadas com exames como teste de esforço e ecocardiograma.
Se o objetivo com a corrida é promover saúde, não podemos romantizar e enaltecer o esforço extremo ignorando os riscos reais. Não é simplesmente decidir que se quer correr e sair correndo; isso pode ser perigoso. Até porque não estamos falando de atletas de elite, olímpicos ou profissionais, mas de pessoas comuns, como eu e você, que passam a maior parte do tempo sentadas diante de uma tela, geralmente com histórico de sedentarismo. O grande problema não é a corrida em si, mas correr sem avaliação prévia, sem progressão de intensidade e sem direcionamento profissional adequado.
Por isso, antes de investir em tênis, roupas, suplementos, inscrições de provas, custos de viagens ou em relógios para controlar o treino, invista em exames feitos por um bom médico cardiologista, a fim de avaliar como está sua saúde cardiovascular antes de se expor ao esforço. Se há 1% de chance de existir uma doença cardíaca oculta, há risco não negligencie esse fato. Poucas pessoas morrem em relação ao total de praticantes, mas essa uma pode ser você. Já pensou?
Invista também em uma boa assessoria de corrida, que compreenda seus limites e ajude a progredir de forma condizente com sua condição física atual. Que cobre dedicação, mas sem ultrapassar o cuidado e o respeito com seu corpo e seu ritmo. E, obviamente, não deixe de cuidar do que alimenta a principal máquina, que é o seu corpo: sua dieta. A alimentação e a suplementação devem acompanhar o ritmo de evolução nas corridas. Quem corre 20km se alimenta e suplementa de forma diferente de quem corre 5km. Invista no que realmente importa e, depois, pense nas demais coisas.
Coluna produzida por: Carla Oliveira
Nutricionista pós-graduada em Nutrição Esportiva e Funcional.
Atende presencialmente, em BH; e on-line, em todo o mundo.
@carlaoliveira.nutri