São Paulo, julho de 2025 O 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é um marco de luta, memória e ação. A data, que homenageia Tereza de Benguela, ecoa na trajetória de mulheres como Jandaraci Araújo, uma das mais influentes vozes pela equidade racial e de gênero no Brasil. Sua história mostra que ocupar espaços é apenas o começo: é preciso permanecer e transformar.
Baiana, mãe, sétima filha de uma costureira e de um mecânico, Jandaraci foi criada com o firme propósito de usar a educação como libertação. Entre idas e vindas, enfrentou o racismo estrutural que a empurrou ao empreendedorismo informal vendendo salgados em trens do Rio de Janeiro para sobreviver. O que poderia ser apenas mais um relato de exclusão, tornou-se base para uma visão realista sobre as barreiras enfrentadas por mulheres negras no mercado de trabalho.
Com mais de 30 anos de atuação entre finanças, políticas públicas, inovação e sustentabilidade, Jandaraci construiu pontes entre o setor público e privado. Hoje, é executiva, escritora, professora, TEDx Speaker e ocupa assentos em conselhos de instituições como Future Climate Group, Instituto Inhotim e Museu Afro Brasil Emanuel Araújo. Em sua bagagem, acumula formações em governança pela UCLA Anderson, Kellogg e EADA Business School.
Além de sua atuação corporativa, Jandaraci é fundadora e presidente do Instituto Conselheira 101, que se tornou referência na preparação de mulheres negras e indígenas para cargos estratégicos. Em cinco anos, o Instituto formou mais de 150 novas conselheiras e criou programas como o “Conselheira na Prática”, que conecta ex-alunas a vagas reais em conselhos e comitês, transformando formação em presença.
Em 2025, ela organizou o livro Mulheres Negras no Conselho, reunindo relatos de 22 executivas que, como ela, desafiam a lógica excludente das grandes mesas de decisão. “Nosso tempo é agora. Não cabe mais ser a única, a outlier. Quero abrir caminho para outras com o que posso e como posso”, diz Jandaraci, que também integra o Grupo Mulheres do Brasil, o WomenCorporateDirectors e o WILL –Women in Leadership in Latin America.
Com cinco livros publicados e uma extensa agenda de palestras, Jandaraci acredita que a representatividade, embora essencial, não basta. É preciso estruturar caminhos para que mulheres negras não apenas entrem, mas permaneçam e prosperem. “É hora de fazer enchente de rio: ocupar juntas, transbordar e permanecer”, afirma.
Em um Brasil que ainda convive com barreiras raciais e de gênero, histórias como a de Jandaraci apontam para um futuro em que a liderança, de fato, reflita a diversidade do país. Neste 25 de julho, sua voz reforça o compromisso de transformar exceções em regra e abrir espaço para muitas outras lideranças negras florescerem.