Novo teste amplia chances de detecção precoce e será implantado progressivamente em todo o país
O Sistema Único de Saúde (SUS) dará início à substituição gradativa do tradicional exame de Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV, segundo anúncio do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A medida segue diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e busca aprimorar o rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil, uma das doenças que mais afetam a saúde das mulheres no país.
O novo exame detecta a presença dos subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de lesões precursoras do câncer. Com um resultado positivo, a paciente poderá ser encaminhada diretamente para colposcopia e, quando necessário, para condutas clínicas específicas.
Exame mais moderno e com intervalos mais espaçados
A coleta do material será feita por enfermeiros capacitados da Atenção Primária, utilizando técnica semelhante à do papanicolau. Em regiões de difícil acesso ou entre pacientes com resistência ao exame clínico, haverá a opção de autocoleta, já testada em diversos países com bons resultados.
Outra mudança importante está no intervalo entre os exames: mulheres com resultados negativos poderão refazer o teste apenas a cada cinco anos, em vez do intervalo de três anos adotado atualmente. A faixa etária indicada para o rastreamento segue entre 25 e 49 anos.
A implementação do exame de DNA-HPV também busca combater as desigualdades regionais. No Norte do país, por exemplo, o câncer do colo do útero é a principal causa de morte por câncer entre mulheres — e problemas como demora na entrega de resultados, comuns em estados como Acre, Maranhão e Mato Grosso, prejudicam a detecção precoce.
Vacinação e atuação da enfermagem são essenciais
O HPV é responsável por praticamente todos os casos de câncer do colo do útero, o terceiro mais frequente entre mulheres no Brasil. A vacinação preventiva segue como pilar fundamental no combate à doença. O SUS oferece dose única da vacina contra HPV para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, e até três doses para pessoas imunossuprimidas ou com condições clínicas específicas.
A enfermagem terá papel de destaque na nova etapa de prevenção, atuando na vacinação, orientação das pacientes, coleta de material e encaminhamento de casos positivos. A conselheira do Conselho Federal de Enfermagem, Betânia Santos, destaca:
“É essencial que pais vacinem suas crianças antes do início da vida sexual, quando a vacina é mais eficaz e pode prevenir o desenvolvimento do câncer no futuro.”
A expectativa é que o novo modelo reduza o número de casos graves da doença, agilize diagnósticos e promova mais equidade no acesso à saúde preventiva em todo o território nacional.